sexta-feira, 19 de julho de 2013

A FUNCIONALIDADE DA INTERDISCIPLINARIEDADE COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Edileuza da Silva Oliveira[1]
                              edileuzasoliveira@hotmail.com     

RESUMO

O presente artigo desenvolve uma discussão sobre a interdisciplinaridade na perspectiva de Jairo Gonçalves Carlos (2009), que relata uma experiência interdisciplinar de ensino aplicada pela área de Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias na I, II e III Fase do Ensino Médio no CEJA – “Prof. Milton Marques Curvo” no ano de 2009. A origem desta experiência de ensino partiu de uma inquietação e/ou curiosidade de se conhecer os diferentes ambientes existentes na área de estudo sobre um dos pontos turísticos do município de Cáceres-MT – Fazenda Progresso, localizada a aproximadamente 50 km da cidade, sendo um local que oferece atividade de lazer e entretenimento. A partir daí, os professores reuniram-se para fazer um levantamento sobre o que seria pesquisado na fazenda, como; tipos de vegetação, dimensão da área, circunferência dos vegetais, observação dos impactos ambientais e outros. Esta ação pedagógica promoveu a manifestação de conhecimentos significativos aos educandos e demonstrou que a aprendizagem de forma interdisciplinar aprimora os conhecimentos empíricos e amplia os horizontes para uma nova visão crítica a respeito do meio ambiente, contribuindo, contudo, para a preservação do mesmo. O desenvolvimento desse projeto evidenciou que a cooperação entre os docentes da área e de outras áreas é de suma importância para uma aprendizagem de qualidade e significativa.



  Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Prática de Ensino. Educação de Jovens e Adultos.



A Funcionalidade da Interdisciplinaridade como instrumento pedagógico na Educação de Jovens e Adultos.

           A Escola Prof. Milton Marques Curvo, há vinte e oito anos, trabalha com a modalidade de Jovens e Adultos e tem como uma de suas metas a de oferecer uma educação de qualidade. Para isso busca se adequar às transformações ocorridas na sociedade e, de acordo com a necessidade dos educandos, procura a cada tempo oferecer uma forma de ensino aprendizagem em que reconheça as especificidades dos sujeitos da educação de Jovens e Adultos, dos diferentes tempos e espaços formativos. Sendo assim, neste ano de dois mil e nove, a Escola transformou-se em Centro de Educação de Jovens e Adultos, passando a trabalhar por área de conhecimento, em que as disciplinas são ministradas interdisciplinarmente por meio de projetos, oficinas, aulas culturais.
           Para tanto, tomo como exemplo o projeto que resultou numa aula campo na Fazenda Progresso, em que estiveram envolvidos professores da área de Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias, como também, professores da área de Linguagem Códigos e suas Tecnologias. Este projeto partiu da necessidade de conhecer nossa região e seus recursos naturais, portanto projeto de investigação sobre um dos espaços turísticos, pertencente ao município de Cáceres.
           Essa proposta coaduna com o que propõe os PCN’s de que se deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários. Resolver uma curiosidade, eis a finalidade da interação entre as disciplinas que integram as áreas de conhecimento mencionadas, ou seja, saberes da Matemática, da Biologia, da Química, da Física e da Educação Física.
           Na matemática, foram observados conhecimentos das Medidas (nas disposições espaciais das árvores na floresta e das suas circunferências). Em Biologia, foi tratado do Ecossistema, cadeias e rede alimentares como também a classificação botânica dos vegetais. Na Química, foi observada e discutida a presença de substâncias químicas que compõem as estruturas vegetais na natureza. Na Física, foi tratado dos movimentos uniformes e variados presentes na natureza e na Educação física foram realizadas atividades lúdicas.   Os aspectos foram tratados de forma diferenciada em acordo com as fases do Ensino Médio, exemplo na Química da II fase tratou-se de substâncias orgânicas na natureza e na III fase, das manifestações dos gases na natureza. Segundo Jairo Gonçalves Carlos (2009)
           (...) a interdisciplinaridade só vale a pena se for uma maneira eficaz de se atingir metas educacionais previamente estabelecidas e compartilhadas pelos membros da unidade escolar. Caso contrário, ela seria um empreendimento trabalhoso demais para atingir objetivos que poderiam ser alcançados de forma mais simples. [2]
                  Os professores iniciaram a preparação para a aula campo, que foi planejada e executada com a participação de todos os alunos matriculados na I, II e III fase do Ensino Médio na área de Ciência da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, bem como, dos professores titulares nas turmas.
           Nas aulas foram feitas observações, registros e anotações, bem como, análise dos fenômenos observados e integração das turmas com a socialização de lazer: banho nas piscinas naturais, brincadeiras organizadas pela professora de educação física e almoço partilhado.
           Na sala de aula, os alunos fizeram a sistematização, organização e análise dos dados, sendo que a divulgação dos resultados foi feita à comunidade escolar no dia de encerramento das comemorações do projeto maior do CEJA,  na Semana do aniversário de Mato Grosso.
           Os resultados apresentados pelos alunos combinaram conhecimentos de Biologia, Matemática, Física e Química sobre aspectos inerentes ao ambiente pesquisado pelos estudantes.
            Sobre isso, Carlos (2009) referencia-se nos PCN’s (2002, p.34-36) para reforçar o conceito de interdisciplinaridade.
 Na perspectiva escolar, a interdisciplinaridade não tem a pretensão de criar novas disciplinas ou saberes, mas de utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver um problema concreto ou compreender um fenômeno sob diferentes pontos de vista. Em suma, a interdisciplinaridade tem uma função instrumental. Trata-se de recorrer a um saber útil e utilizável para responder às questões e aos problemas sociais contemporâneos.[3]

            Na apresentação dos saberes construídos pelos educandos a respeito da fazenda Progresso foi possível verificar a integração das disciplinas no fazer pedagógico. A integração dos saberes resultou, desde o início, quando da fase do planejamento, pois houve interesse, cooperação e participação entre os professores na preparação das aulas e ações a serem desenvolvidas no processo de ensino e aprendizagem.
           Descrever sobre alguns elementos do fazer pedagógico, na perspectiva interdisciplinar, foi a escolha desta reflexão que busca nas considerações de Jairo Gonçalves Carlos elementos teóricos de sustentação para o entendimento da sua utilidade no processo ensino aprendizagem da Educação de Jovens e Adultos.
       Ao pautar nas considerações propostas por Japiassu (1976), o texto de Carlos (2009) apresenta o formato característico da interdisciplinaridade, assim descrito (...) presença de uma axiomática comum a um grupo de disciplinas conexas e definidas no nível hierárquico imediatamente superior, o que introduz a noção de finalidade. E os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) corroboram para o entendimento da funcionalidade dessa axiomática comum quando sustenta que (...) pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção[4]. Assim, a interdisciplinaridade promove a cooperação entre as disciplinas, estas se interagem de forma coordenada e planejada a partir da seleção de um foco de trabalho, entendido como a axiomática em comum.
 Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Mídia e tecnologia. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da educação, 2002.
CARLOS, Jairo Gonçalves. Interdisciplinaridade no Ensino Médio: desafios e potencialidades: Interdisciplinaridade: o que é isso? Interdisciplinaridade: o que é isso? Fev. 2009. In: http://www.unb.br/ppgec/dissertacoes/proposicoes/ proposicao_jairocarlos.
JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976. 220 p.
[1] Professora de Biologia / Coordenadora da Área de Ciências da Natureza, Matemática e Suas Tecnologias do Centro de Educação de Jovens e Adultos “Prof. Milton Marques Curvo”, de Cáceres.
[2] CARLOS, Jairo Gonçalves. Interdisciplinaridade: o que é?
[3] BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Mídia e tecnologia. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da educação, 2002. p. 34-36.
[4]  BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação, 200., p. 88-89.


www.cefaprocaceres.com.br Acesso em 19/072013

Um comentário:

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